sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

'Quem me dera'

Só queria perceber porquê. 
Porque é que afinal tive de ficar deitada junto com os lamentos da vida. As costas ardem já de tanto falso amor pegado. Os músculos doridos de tanta falta de lucidez. Quando é que irei voltar a viver?
Somente a dor das coisas fica comigo, de todas as coisas, a dor do mar e das ondas, até a dor do sol a nascer me compete. Mas o problema não é a dor das ondas ou do sol me sentir. O problema é das outras coisas que não disse e que sinto...como o pó sujo das cidades, os hálitos maus, as pessoas com pressa nos comboios e os próprios comboios que apitam com tanta pressa de chegar sempre ao mesmo sítio...sinto toda a dor dessas coisas espalmadas dentro do meu coração. 

Quem me dera que o meu coração fosse somente um pedaço de lua ou uma gota de água, assim guardaria apenas a dor das coisas bonitas, das coisas calorosas, das coisas que dão vontade de abraçar por terem tanta dor do mal que não fazem.
Mas parece que o meu coração é grande e guarda a dor do mundo inteiro...e de todas as coisas...

Talvez a noite tivesse servido apenas para guardar mais dor do mundo, a noite em que fiquei deitada junto aos lamentos da vida...no chão frio sem sono, em que dormi abraçada pela dor do mundo inteiro, só para poder dizer que fui feliz...

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