terça-feira, 20 de novembro de 2012

Como se fosse para ti I

Andamos eternamente e mutuamente adiar um fim.
Todos nós.
Todos nós adiamos diariamente o mesmo fim que se anseia em tudo o que somos.
A morte. Aquela palavra eficaz que descreve toda a nossa vida.
Adiamos a morte, a viver, esquece-mo nos, efémeros que ela existe, pelo menos eu esqueço-me todos os dias que existe um fim em mim, sou tão livremente viva que nunca me lembro da minha morte, estou demasiado ocupada para pensar na minha finalidade.
Nós não, nós estamos a adiar o que em tempos foi vida, adiar na futura presente morte que se sente. Morte sim, adiada, como se quando adiasses o teu suicídio porque algo te fez parar. Aqui não há mais disso, já nada me pára, não há nada que me faça parar senão lembranças, mas a certa altura relembro-me que memórias não chegam para uma felicidade presente.
Lembrar-me todos os dias que já não existe mais vida, não é viver. A pouco de nós. Morremos porque nos deixamos morrer, esquece-mo-nos da vida porque não nos deixamos viver.
Adiamos, é o que fazemos.
As pessoas todas adiam fins por mais que já não haja vida nesse fim, as pessoas adiam em receio de receberem uma morte em mãos. Adiar custa, cansa, treme.
Adiar é matarmos a nossa vida, a nossa é a de cada um de nós, vocês.
Aqui já não há mais vida, não há mais viver. Certamente existirá mais mundo e mais sol mais tudo o que já não há. Certamente também tudo o que passará a existir num agora, não será tão igual e tão maior como o que foi.

Morremos porque já não sabemos viver.
Continuamos momentaneamente vivos todos à espera do mesmo.
A magia, a originalidade e a fervura da nossa vida está nas nossas mãos,
a morte foi escolha dos mesmos.

Sem comentários:

Enviar um comentário